Professora Sandra Lencioni recebe Prêmio Eidorfe Moreira de geografia regional
A docente titular sênior Sandra Lencioni, do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, foi agraciada com o Prêmio Eidorfe Moreira de Geografia Regional, durante o I Simpósio Nacional de Geografia Regional (I Singer). O evento foi realizado de 24 a 26 de abril, no Instituto de Estudos do Trópico Úmido no campus da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), em Xinguara, no Estado do Pará. A organização foi feita por alguns integrantes do Grupo de Pesquisa Geografia Regional e Produção do Espaço (Gerpe) - entre eles o docente da Unifesspa Eudes Leopoldo, que é pós-doutorando em Geografia na FFLCH, e a professora Rita de Cássia Ariza da Cruz, do mesmo Departamento de Sandra.
Esta foi a primeira edição deste prêmio, que foi entregue a outros dois docentes também: Rogério Haesbaert e Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior, respectivamente, da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Federal do Pará (UFPA).
A premiação surgiu como um movimento de resgate da geografia regional, que ao longo do tempo foi perdendo importância e deixando lugar para outros campos, explicou a professora Rita de Cássia Ariza da Cruz, também do Departamento de Geografia, que é pesquisadora do Gerpe e fez parte da comissão coordenadora do simpósio.
Ela leva o nome de Eidorfe Moreira (1912-1989), cujos trabalhos foram um marco para a produção de uma geografia regional, como a Amazônia, em uma época que o saber geográfico era centralizado no eixo Rio / São Paulo. Moreira é considerado um dos intelectuais mais importantes que o Pará já produziu (apesar de ter nascido na Paraíba, ele foi para Belém com dois anos de idade). Formou-se em direito, atuou como professor de Economia política, contribuindo na área de ciências e geografia, e também como docente e pesquisador da Universidade Federal do Pará, onde exerceu várias funções, afastando-se em 1982.
Leitura obrigatória
“A dedicação da professora Sandra Lencioni à pesquisa e ao ensino resultaram em um reconhecimento nacional à sua contribuição para o campo disciplinar da Geografia. Suas obras são conhecidas e lidas por geógrafos de todos os rincões do país, além de ser responsável, também, pela consolidação de uma rede de pesquisa sul-americana”, ressalta Rita sobre o mérito da colega em receber a premiação.
Rita comenta que a produção acadêmica da colega de Departamento dirigiu-se, especialmente, para dois subcampos da Geografia: a Geografia Urbana e a Geografia Regional, o que se revela por meio de sua vasta produção bibliográfica. “O seu livro intitulado Região e Geografia, resultante de sua tese de livre-docência, constituiu-se em leitura obrigatória para estudantes, professores e pesquisadores interessados no subcampo da Geografia Regional”, frisou.
No evento, além da premiação, a professora Sandra participou da mesa de encerramento Questão regional e perspectivas de análise em Geografia: contribuições teórico-metodológicas.
Sandra possui bacharelado e licenciatura em Geografia, mestrado e doutorado em Geografia Humana), todos pela FFLCH USP. Seu pós-doutorado foi feito na Universidade de Paris I Pantheon-Sorbonne). Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia Regional, atuando principalmente nos seguintes temas: teoria da região, metrópole, indústria e São Paulo.
Ela aposentou-se em 2015, mas continua atuante como professora sênior na Unidade, na qual ela é líder do Grupo de Pesquisas Metamorfoses Metropolitanas e Regionais do Laboratório de Estudos Regionais em Geografia (LERGEO), o qual ela idealizou e criou. Além disso, participa de outros grupos: do Grupo de Pesquisa Geografias do Contemporâneo (USP), do Núcleo de Pesquisas e Estudos Regionais (Nuperg/Unesp) e do Grupo de Pesquisa Geografia Regional e Produção do Espaço (Gerpe/Unifesspa).
I Singer
Durante a realização deste primeiro simpósio, foram debatidos vários temas a respeito dos conceitos de região, regionalização e regionalismo, bem como o conhecimento das novas abordagens regionais produzidas no âmbito do pensamento geográfico brasileiro.
“A gente quer não só colocar a geografia regional em um patamar de importância, mas ter um debate a respeito, que passa por uma interiorização dos estudos em contato com universidades mais distantes”, destaca a professora Rita.
No primeiro dia, 24 de abril, aconteceu um trabalho de campo em Serra Pelada e Eldorado dos Carajás, e nos dias 25 e 26 a programação seguiu com mesas-redondas que abordaram temas relativos à geografia regional e comunicações orais nos grupos de trabalho. E, na ocasião, foi lançado o RegionAL – Observatório Latino-americano de Pesquisas sobre Questões Regionais, que congrega diferentes pesquisadores da América Latina para pensar a problemática regional.
(Com informações da Unifesspa)
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